OS IMPACTOS DA INTOXICAÇÃO AGUDA PELO ÁLCOOL NA RESPOSTA IMUNE E NO DESENVOLVIMENTO DE INFECÇÕES NOS PACIENTES COM TRAUMA.

Nome: Priscilla de Aquino Martins
Tipo: Dissertação de mestrado profissional
Data de publicação: 21/06/2018
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
CLAUDIO PIRAS Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
CLAUDIO PIRAS Orientador
Ester Miyuki Nakamura Palacios Examinador Interno

Resumo: Introdução: A associação de álcool e a ocorrência de trauma já está bem estabelecida. Vítimas de trauma, nas capitais brasileiras, se encontram alcoolizados em 16,3% dos acidentes. Estudos têm confirmado relação entre os efeitos do álcool e a resposta inflamatória e tentado correlacionar estes efeitos ao desenvolvimento de infecções e sobrevida nos indivíduos vítimas de trauma. Os resultados de estudos para esse fim, porém, são controversos e muitos feitos em modelos animais. Objetivos: Avaliar se a intoxicação aguda pelo álcool reduz os níveis de interleucina (IL) 6 (citocina pró-inflamatória) e aumenta os níveis de IL10 (citocina anti-inflamatória) nos pacientes vítimas de trauma e correlacionar a intoxicação alcóolica aguda com o desenvolvimento de infecção e mortalidade. Método: Estudo de coorte prospectivo observacional no qual foram incluídos pacientes vítimas de trauma grave nas últimas 12h à admissão no pronto socorro de hospital público referência em trauma. Sangue e/ou urina foram coletados e testados para a presença de álcool. Foram considerados positivos aqueles com teor de álcool superior a 5mg/dl no sangue e > 50mg/dl na urina. Foram arrolados 115 pacientes. Os pacientes foram divididos em grupo álcool (n=32) e grupo controle (n=83). Foi possível dosar as interleucinas em apenas 43 pacientes, destes, 32 tinham alcoolemia negativa (grupo controle) e 11 a dosagem de álcool foi positiva (grupo álcool). Os pacientes foram acompanhados por sete dias quanto ao desenvolvimento de infecções e ao desfecho final. Resultados: Desenvolvimento de infecção ocorreu em 31,25% indivíduos do grupo álcool e em 46,99% do grupo controle (p=0.145). Óbito foi observado em 12,5% dos indivíduos no grupo álcool e em 16,87% dos indivíduos no controle (p=0.591). Foi avaliada a associação do álcool com o desenvolvimento de infecções e obtido OR=0.414 (95% IC = 0.159 – 1.076) e com relação a mortalidade com OR= 0.548 (95% IC= 0.149 – 2.010). A IL6 mostrou-se elevada em 100% dos indivíduos no grupo álcool e no grupo controle estava acima dos níveis normais em menos de 2/3 dos indivíduos na admissão (p=0.041). Em 48h a IL6 se mantinha elevada na maior parte dos indivíduos em ambos grupos. A IL10 estava elevada em maior número de indivíduos no grupo controle que no grupo álcool na admissão e normalizada em 48h, em ambos grupos, na maior parte dos pacientes. Não foi observada associação do álcool com as dosagens elevadas de interleucina quando aplicada a regressão logística múltipla. No entanto, no grupo álcool vemos à admissão IL6 elevada em todos os pacientes e em 48h uma proteção quanto a esta elevação, OR foi de 0.300 (95% IC= 0.037 – 2.442) e, para IL10 elevada na admissão o OR=0.629 (95% IC = 0.156 – 2.531) e a IL10 elevada em 48h OR=0.489 (95% IC=0.089 – 2.689). Conclusão: O álcool está associado com menos infecções e menor mortalidade nos indivíduos vítimas de trauma. Também mostrou ser protetor para as elevações de IL10 nas primeiras 48h e de elevações prolongadas de IL6 após o trauma.

Palavras-chave: Álcool. Trauma. Interleucina. Infecção.

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